O mundo está cheio de distrações, desde notificações no smartphone até um colega de trabalho falante. Mas se você tem dificuldade em manter o foco, você pode estar se perguntando: "Eu tenho Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)?". Antes de nos aprofundarmos nessa questão, é essencial entendermos a neuropsicologia da atenção e como o nosso cérebro processa e gerencia essa função cognitiva crucial.
A Neuropsicologia da Atenção
A atenção é uma função complexa, fundamental para a nossa interação com o mundo. Ela nos permite selecionar e focar em informações específicas enquanto ignoramos outras. Vários modelos teóricos tentam explicar como a atenção funciona. Um dos mais conhecidos é o modelo de filtro de Broadbent, que propõe que as informações sensoriais entram em um "filtro" que determina o que será processado posteriormente. Já o modelo de atenção de Treisman sugere que o filtro não é tão seletivo e que todas as informações são processadas em algum nível, mas com intensidades variadas.
O cérebro tem várias áreas responsáveis pela atenção, incluindo o lobo frontal, que controla a atenção voluntária (quando você decide se concentrar em algo), e o lobo parietal, que lida com a atenção involuntária (quando algo chama a sua atenção). As conexões entre essas áreas e outras partes do cérebro são cruciais para o funcionamento adequado da atenção.
TDAH: O que é e quais são os critérios de diagnóstico?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica crônica que afeta tanto crianças quanto adultos. Seus principais sintomas são inatenção, hiperatividade e impulsividade. Mas é importante ressaltar que esses sintomas precisam ser persistentes, prejudicar significativamente a vida do indivíduo e não ser explicados por outra condição médica ou psicológica para um diagnóstico de TDAH ser feito.
Nem todo problema de atenção é TDAH
Enquanto a falta de atenção é um sintoma chave do TDAH, nem todos os problemas de atenção estão relacionados a esse transtorno. A atenção pode ser influenciada por várias coisas, incluindo estresse, ansiedade, falta de sono e muito mais. Além disso, é importante lembrar que mesmo pessoas com TDAH podem ter bom desempenho em testes de atenção, especialmente se estiverem interessadas ou motivadas. Isso se deve à natureza do TDAH, que muitas vezes envolve dificuldade em regular a atenção, em vez de uma falta total dela.
Conclusão
Se você está com dificuldades para manter a atenção, o melhor é procurar a ajuda de um profissional de saúde mental. Embora o TDAH seja uma possibilidade, existem muitas outras razões possíveis para os problemas de atenção. A boa notícia é que, uma vez identificada a causa, há várias estratégias e tratamentos que podem ajudar a melhorar
Em conclusão, é crucial reconhecer que a dificuldade em prestar atenção não é necessariamente um indicativo de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A atenção é uma função complexa, influenciada por diversos fatores, e problemas de atenção podem ser causados por diferentes razões, como estresse, ansiedade ou privação de sono.
Embora o TDAH seja uma condição real e debilitante para muitas pessoas, é importante buscar uma avaliação profissional adequada antes de chegar a qualquer conclusão sobre a presença desse transtorno. O diagnóstico de TDAH requer a observação de sintomas persistentes, que causem impacto significativo na vida do indivíduo e que não possam ser explicados por outras condições médicas ou psicológicas.
Portanto, se você está preocupado com sua capacidade de concentração e atenção, é aconselhável procurar um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, que possa realizar uma avaliação completa e fornecer orientação adequada.
Cada caso é único e merece uma abordagem personalizada para identificar as causas subjacentes e buscar as melhores estratégias de gerenciamento. A busca por ajuda especializada pode proporcionar um maior entendimento da sua situação e abrir caminhos para melhorias significativas na sua qualidade de vida.
Aos interessados em pesquisas sobre o assunto
Aos interessados em ir mais fundo nesta área de pesquisa é válido recorrer a artigos científicos que abordem a neuropsicologia da atenção, os critérios de diagnóstico do TDAH e as diferentes causas que podem afetar a capacidade de concentração. Alguns artigos relevantes incluem:
Barkley, R. A. (2001). The executive functions and self-regulation: An evolutionary neuropsychological perspective. Neuropsychology review, 11, 1-29.
Kessler, R. C., Adler, L., Barkley, R., Biederman, J., Conners, C. K., Demler, O., ... & Zaslavsky, A. M. (2006). The prevalence and correlates of adult ADHD in the United States: results from the National Comorbidity Survey Replication. American Journal of psychiatry, 163(4), 716-723.
Subcommittee on Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder, Steering Committee on Quality Improvement and Management. (2011). ADHD: clinical practice guideline for the diagnosis, evaluation, and treatment of attention-deficit/hyperactivity disorder in children and adolescents. Pediatrics, 128(5), 1007-1022.
Sonuga-Barke, E. J., Brandeis, D., Cortese, S., Daley, D., Ferrin, M., Holtmann, M., ... & European ADHD Guidelines Group. (2013). Nonpharmacological interventions for ADHD: systematic review and meta-analyses of randomized controlled trials of dietary and psychological treatments. American journal of psychiatry, 170(3), 275-289.
Faraone, S. V., Asherson, P., Banaschewski, T., Biederman, J., Buitelaar, J. K., Ramos-Quiroga, J. A., & Franke, B. (2015). Attention-deficit/hyperactivity disorder. Nature Rev. Dis. Primers 15020.
Esses artigos científicos fornecem uma base sólida para compreender os diferentes aspectos relacionados à atenção e ao TDAH, auxiliando na diferenciação entre problemas de atenção causados por fatores externos e os sintomas persistentes do transtorno.
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